quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Pós click

Ainda outro dia, a falar com o Faustino, numa das tantas conversas sobre fotografia e como fotografar, foi dito que "fotografar é só metade do trabalho".

Estavamos a falar no trabalho de ser fotógrafo, na arte de deixar no mundo fotografias, imagens, pigmentos no papel ou nos monitores dos computadores. Metade deste trabalho, desta arte, fica pronto no final do primir o botão do disparo, sendo a segunda metade o escolher, filtrar, tratar, reparar, melhorar com as ferramentas disponíveis aquilo que a fotografia pode e deve, aos olhos do seu autor, mostrar, revelar.

(...)

Depois de um dia de trabalho, de tantas horas sentado em frente ao computador no escritório, corro para casa, abraço e beijo a Ana, abraço e beijo o João - brinco com ele com sons estranhos que lhe provocam sorrisos, atiro-o ao ar e fico a vê-lo rir de excitação - damos-lhe banho, damos-lhe de jantar e jantamos. Depois do João adormecer, lá pelas dez, dez e meia, procuro ter forças para voltar a sentar-me em frente do computador para então fazer a "segunda metade". Nem sempre, aliás, quase nunca consigo!... Bem... quase nunca conseguia!...

Nas duas últimas semanas tenho tido maior vontade, maior desejo de ser fotógrafo por inteiro - leio mais artigos e críticas sobre técnicas e fotografias, levo mais frequentemente a máquina para a rua sem motivo aparente, fotografo mais objectos e pessoas desconhecidas, tentando melhorar o disparo, o sentido de oportunidade, o enquadramento instantâneo, a selecção dos melhores parâmetros na máquina, etc. Com essa mesma vontade tenho conseguido descobrir energia para fechar o ciclo, fazendo a tal triagem e tratamento das muitas fotografias tiradas e construindo, no final, álbuns (webalbuns, na verdade) que depois partilho com outros.

As festas de aniversário dos meus sobrinhos Gonçalo (2 anos) e Manel (4 anos) foram não só os pretextos mas também os motores para tal estímulo pois, rodeado de crianças, sinto-me sempre com mais energia, incapaz de assumir perante pequenos seres em permanente correria o que é o cansaço.

(...)

Deito-me, como hoje, por vezes até mais tarde, exausto, mas também vitorioso, orgulho do trabalho concluído, de ter esforçado para oferecer as minhas melhores fotografias e de ter dado mais um passo neste mundo, esse mundo imenso da imagem instantânea, composto por dois hemisférios, duas metades.

1 comentário:

VCP disse...

Há quem diga que a fotografia acaba após a segunda cortina fechar! Tudo o resto é edição! he he he

Puristas!