quinta-feira, 18 de março de 2010

Escala natural (maior que nós)

DOrmiste agitado, num pequeno berço translúcido,
REfilando no estranho manto de luz que agora te cobria
(MIl e poucos dias passados e ainda me lembro de cor...).
(...)
FAlei pouco, quase nada, preferindo olhar-te e ouvir-te respirar...
SOltei a minha ansiedade - libertei-me - e
LAcrei para sempre e no teu corpo a minha Vida
(...)
«SIlêncio... quero ouvi-lo só mais uns segundos...»
DObrei o sorriso, cansado, e - já Pai - sonhei!...

De regresso (a ti)

Hoje tens três anos e abraças um Mundo maior que tu! Compreendes a força do discurso e das palavras e procuras desenhar com as letras os sons que cedo aprendeste!

Hoje olho para ti e sei que sou teu! Sinto vazios os dias em que (teimosamente) só acordas depois de eu sair; quase agradeço quando despertas a uma hora loucamente antecipada e me obrigas a fugir contigo para a sala, protegendo a Mãe da tua voz inevitavelmente forte e em volume descontrolado.

Hoje ainda não te vi, o meu dia ainda não começou - mas são quase oito da noite... já está escuro!... E, sentado de costas para ti - neste comboio que parou em Aveiro para me levar de novo ao teu abraço - abrigo em palavras o desassosego desta terrível saudade, desta prisão que me deste ao nascer, esta estranha sensação de ter ganho infinitamente mais do que tudo o que te poderei dar.

Hoje, mais que nunca, quero ver-te, abraçar-te, ler-te uma história e dar-te a mão enquanto adormeces...


(fotografia de 2010.02.14, aos três ano e meia hora...)