terça-feira, 16 de dezembro de 2008

12 anos passados!...

Não estive lá!... ou melhor... não fui! Mas encontrei-me, enquanto jantava no dia 13, a telefonar ao Trincão para lhe dar os parabéns pelos 12 anos passados desde que nos tornámos caloiros. Foi no decorrer do IV Celta - Certame Lusitano de Tunas Académicas. Estávamos no Sardinha Biba, era uma ou talvez duas da manhã e, juntos, soubémos (os cinco) que éramos caloiros, que faziamos parte deste grande grupo, a TUIST.

O telefonema foi curto mas transportou-me para lá, para Braga, para o frio invernoso que tantos anos senti, procurando na capa traçada um calor muitas vezes insuficiente, embora sempre reconfortante e insubstituível. Lembrei-me do Theatro Circo, onde o festival voltou (finalmente) a ter lugar, lembrei-me do Jolima, do Carandá, da Avenida da República, lembrei-me das gentes da terra, do sotaque minhoto, dos sorrisos contagiantes que pareciam gravados nas pessoas, afastando por segundos o frio e a chuva. Lembrei-me de tudo! Lembrei-me de mim, há 12 anos, aprendiz, novato, cheio de vontade de aprender a ser homem.

Hoje, fisicamente afastado, celebro intensa e apaixonadamente a vitória da TUIST - não só pelos prémios recebidos - que representam uma apreciação de um júri - mas principalmente pela vitória de ver novos e velhos a transpirar o êxtase e a emoção que tantas vezes senti, a comoção de estar bem em palco e de transmitirmos aos outros tudo o que nós próprios queremos sentir com as músicas que escolhemos tocar; a satisfação de estarmos fora do palco rodeados de amigos, da nossa e das outras Tunas, que por tantos anos nos acompanham, nos preenchem e completam.

Hoje, fisicamente afastado, sinto-me próximo, muito próximo, da TUIST que me acolheu e que me moldou, que me apresentou tantos dos meus amigos e que me ofereceu um interminável livro de memórias.

Obrigado TUIST!... Obrigado Tunos!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Restam dias!...

Uma casa fica vazia,
não de memórias ou sonhos,
mas de coisas que, aos poucos,
o tempo ajudou a trazer

Outra casa ganha vida
(velhice agora esquecida)
está pintada - até colorida -,
com janelas e portas de correr

Aos poucos levamo-nos para lá,
para esta casa outrora distante,
dando à música um lugar na estante
que na sala nos acompanhará

Livros, molduras, poemas,
também procuram um novo abrigo
um lugar de prestígio, digno,
onde possam então descansar

Restam dias, poucos, longos
para a viagem terminar;
e restam dias, poucos, curtos,
para a Vida recomeçar

...

Caixas transparentes ou de cartão
cheias de nós, das tais "coisas",
vão devolvendo as paredes
que o tempo ajudou a esconder

De novo o branco, renascido,
que nos lembra logo o passado
em que um colchão, sem cama nem estrado
dois amantes soube acolher

Descobrimos, aqui, a alegria
de saber o que íamos ser,
esperando ansiosos para ver
a Vida a crescer, dia-a-dia

Pintado de azul o 'quartinho',
anúncio de nova chegada,
parece agora distante
o redescobrir da paixão

«João, bem vindo, é a tua casa»
Mudámos, do dia para noite,
o amor, crescente, a um filho
eterna e incessante sensação

...

Voltámos a sonhar, sem diferenças
mesma rua, vizinhos, lugar
- Vamos, não custa espreitar!
- Mas adoramos tudo o que temos!...

Uma casa, ao lado, à venda
parecida, mas de maior dimensão
a madeira, quente, no chão
cruzámos olhares e soubémos

Foi na hora, foi magia
ficámos apaixonados,
sonhámos, maravilhados,
com o poder viver lá um dia

A sanca, bem alta, no tecto,
virada para as tábuas corridas,
o som das pisadas, batidas,
que de novo ecoavam no ar

- É o tipo de casa que queremos -,
trocámos nós entre olhares,
sem podermos dar a entender,
que o negócio queríamos fechar

(...)

Aos poucos vamos saindo
olhando sempre para trás,
com a angústia da partida
e a saudade que o adeus traz

Mas sabemos que vamos juntos
para de novo a história escrever,
as coisas que aos poucos,
o tempo ajudar a trazer.

Restam dias!...