quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Manos


Sei que parece apenas um abraço, momentâneo e provocado. Mas a beleza é que surgiu, espontânea e naturalmente, entre lutas e correrias, quando pedi para se colocarem lado a lado para uma fotografia (em contra luz). O abraço surgiu, e ficou.

No jogo dos dias, com o João a procurar de forma crescente um lugar dominante e o Henrique a pedir atenção e a demonstrar a sua enorme vontade de ser o centro do mundo - principalmente perto do irmão - foi numa praia ventosa que resolveram, cúmplices, fazer uma caçada às gaivotas que pareciam habituadas a loucas aterragens com ventos cruzados. Com um "inimigo" comum, deixou de fazer sentido gladiarem-se mutuamente.

A verdade é que, com o passar do tempo, a cumplicidade tem vindo a aumentar, a tornar-se mais palpável, mais visível, embora não livre de zangas e confrontos. Mas há mais brincadeiras conjuntas, mais momentos partilhados, maior partilha de espaço (partilha de objectos ainda não é fácil, principalmente com o Stitch que o Henrique tanto cobiça...).

Com tempo e sorte, espero que sejam amigos, os melhores amigos, e que surjam abraços de saudades, de amizade, de respeito e de carinho, para os momentos que, tantas vezes, só partilhados sabem a Vida. Hoje guardei este único abraço, mas espero ver e guardar muitos mais.

Pai.