segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Foto-dilema homem-máquina

Ontem estive a ver fotografias tiradas por mim e pelo Faustino no
casamento do dia anterior. É sempre intimidador e simultaneamente
empolgante estar a ser avaliado pela qualidade do nosso trabalho,
ouvir quem perde o seu tempo a ensinar-nos a chegar mais perto do
'nirvana'.

No primeiro casamento que fotografei com o Faustino ele disse uma
coisa interessante - «aproveita para experimentares coisas novas,
estás com as 'costas quentes'». E assim fiz! Experimentei, testei e
com isso aprendi! No Sábado fiz o mesmo, mas com menos sucesso. Os
resultados foram abaixo do (por mim) desejado, falhando
enquadramentos, exposições e afins.

(Re)Aprendi o que já sabia - tenho muito para aprender. E aprendi
outra coisa... a minha já velhinha D100 tem muito mais para dar caso
eu saiba tirar melhor proveito dela - e tenho vindo a aperceber-me que
ainda não sei quase nada mesmo... Por isso... a D300 terá de esperar.
Não vou nem quero investir em «tirar más fotografias com maior
qualidade!», como disse ao Faustino no último Sábado. Hei-de
merecê-la, quando a máquina for o limitador da minha fotografia ou
quando o sensor for tão melhor que os resultados da D100 parecem uma
velha imagem 'sépia', desgastada pelo tempo.

Até lá muitas fotografias e muitas críticas hão-de tornar-me melhor fotógrafo.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Pós click

Ainda outro dia, a falar com o Faustino, numa das tantas conversas sobre fotografia e como fotografar, foi dito que "fotografar é só metade do trabalho".

Estavamos a falar no trabalho de ser fotógrafo, na arte de deixar no mundo fotografias, imagens, pigmentos no papel ou nos monitores dos computadores. Metade deste trabalho, desta arte, fica pronto no final do primir o botão do disparo, sendo a segunda metade o escolher, filtrar, tratar, reparar, melhorar com as ferramentas disponíveis aquilo que a fotografia pode e deve, aos olhos do seu autor, mostrar, revelar.

(...)

Depois de um dia de trabalho, de tantas horas sentado em frente ao computador no escritório, corro para casa, abraço e beijo a Ana, abraço e beijo o João - brinco com ele com sons estranhos que lhe provocam sorrisos, atiro-o ao ar e fico a vê-lo rir de excitação - damos-lhe banho, damos-lhe de jantar e jantamos. Depois do João adormecer, lá pelas dez, dez e meia, procuro ter forças para voltar a sentar-me em frente do computador para então fazer a "segunda metade". Nem sempre, aliás, quase nunca consigo!... Bem... quase nunca conseguia!...

Nas duas últimas semanas tenho tido maior vontade, maior desejo de ser fotógrafo por inteiro - leio mais artigos e críticas sobre técnicas e fotografias, levo mais frequentemente a máquina para a rua sem motivo aparente, fotografo mais objectos e pessoas desconhecidas, tentando melhorar o disparo, o sentido de oportunidade, o enquadramento instantâneo, a selecção dos melhores parâmetros na máquina, etc. Com essa mesma vontade tenho conseguido descobrir energia para fechar o ciclo, fazendo a tal triagem e tratamento das muitas fotografias tiradas e construindo, no final, álbuns (webalbuns, na verdade) que depois partilho com outros.

As festas de aniversário dos meus sobrinhos Gonçalo (2 anos) e Manel (4 anos) foram não só os pretextos mas também os motores para tal estímulo pois, rodeado de crianças, sinto-me sempre com mais energia, incapaz de assumir perante pequenos seres em permanente correria o que é o cansaço.

(...)

Deito-me, como hoje, por vezes até mais tarde, exausto, mas também vitorioso, orgulho do trabalho concluído, de ter esforçado para oferecer as minhas melhores fotografias e de ter dado mais um passo neste mundo, esse mundo imenso da imagem instantânea, composto por dois hemisférios, duas metades.

domingo, 16 de setembro de 2007

Parabéns... a nós! :)

Casamento - 2006.09.02 - AlbufeiraFez hoje um ano que festejámos na Ulgueira o tão repentino desejo de celebrar a nossa infinita união... Tínhamos casado quinze dias antes e, nesse dia quente e vestido de Sol, dançámos, cantámos e bebemos por nós, pelo João-Barnabé e pelos tantos familiares e amigos que partilharam connosco esta transbordante alegria.

Fez hoje um ano que te cantei uma música... e cada vez ela faz-me mais sentido...

«I want somebody to share
share the rest of my life,
share my innermost thoughs,
know my intimate details»

Fez hoje um ano que os nossos amigos nos ofereceram tanta e tanta música, ensaiada e cantada com um carinho inesgotável (e hoje tivémos a oportunidade de re-ouvir "a música" do nosso casamento - obrigado, grandes amigos!!!)

Mas o melhor de tudo é saber que, com tantas alegrias que me tens dado - são tantos os sonhos!, é tanta a poesia! - , ainda me reservas uma vida repleta de surpresas, de Felicidade, de Paixão e de Amor.


Espero estar à altura do desafio... de te fazer igualmente FELIZ !....

sábado, 15 de setembro de 2007

Faz hoje um mês...

João com seis meses
2007.08.15 20h45 @
Casa, Lisboa

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7

João com 7 meses
2007.09.14 19h52 @
Casa, Lisboa

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Auto-focus

Trovejava lá fora, na rua, para lá dos vidros e paredes que nos fazem esquecer como é bom sentir a chuva a tocar-nos a pele. O João, abraçando a mãe, ambos sentados no sofá, reagia levemente aos estrondos que corriam desde o relâmpago até nossa casa. Levantei-me, espreitei através do vidro, apenas ocasialmente molhado pela ausência de vento, e nesse mesmo instante o céu ficou azul, claro, intenso e brilhante, como se não fosse ainda noite cerrada.

Mais uma noite de trovoada... ou talvez não! Hoje abri a janela, estendi a mão, senti a chuva, e senti o desejo de agarrar os raios de luz que, provavelmente, continuariam a surgir por alguns minutos. Com máquina, objectiva e tripé colei-me à janela aberta para melhor ver o mundo - o frio e o barulho, contudo, levaram a Ana e o João para o quarto, não muito longe mas muito mais sossegado.

Foquei o infinito, brinquei com a exposição, rodei os comandos da abertura e diafragma até encontrar no pequeno visor a luz que melhor representava o momento. Enrosquei o cabo de disparo e, sem tocar na máquina, ofereci ao sensor os poucos milhões de fotões que continuavam acordados.

Escolhido o enquadramento, distância focal, e todos os parâmetros da máquina, fixei o cabo de disparo e assim obriguei a máquina a disparar continuamente, captando sucessivos períodos de trinta segundos, através do mais apertado quasi-círculo da objectiva ... «raios me partam se não apanho um relâmpago».

Raios me partam
2007.09.11 21h55 @
De casa, Lisboa

(...)

Encontrei-me na fotografia há muitos anos, encondendo atrás da câmera e película o desejo de revelar o Mundo, ou melhor, 'um' mundo visto e vivido por mim. Enquanto um livro ou uma gravura podem ser imaginados, uma fotografia tem de ser presenciada pelo fotógrafo, alguém tem de "estar lá" no momento certo, com o olhar certo. É com esta curiosidade que ainda hoje observo muitas fotografias, não observando apenas as duas dimensões da impressão mas construindo um momento em perspectiva desde o fotógrafo com a sua máquina até ao infinito que a imagem possa transmitir.

Mas embora tenham passado muitos anos desde a minha primeira fotografia, sinto que estou a acordar, a começar de novo, a deixar-me levar pelo impulso de fotografar e a procurar nos contornos do quotidiano fragmentos de imagens que me mostram que sou!

(Aos poucos vou fazendo sentido!...)