sábado, 12 de julho de 2008

101

Lembro-me perfeitamente de estar a ouvir o 1-0-1 dos Depeche Mode, em vinil, procurando não riscar o precioso disco quando a agulha abria o paraquedas para então aterrar no trilho que rumava à primeira faixa...

Lembro-me também de tentar esboçar a harmonia de algumas músicas do álbum nas cordas da guitarra - então, sem grande sucesso, insistia mais uma e outra vez na sequência acordes, desejando ganhar de forma instantânea uma consciência e sapiência musicais.

(...)

Passaram-se alguns anos. O álbum renasceu das (minhas) cinzas e fez-se soar - lembrei-me de algumas músicas, peguei na guitarra, procurei o tom e, sem grande tormenta, toquei e cantei uma velha canção. A música, renascida, ganhou forma e, aos poucos, dia-a-dia, banalizei-a no meu reportório de fim-de-tarde.

(...)

Em segredo - e envolto numa louca e indomável sensação de bem estar, de pertença, de fortuna - cantei-te o "Somebody" - numa noite mágica que para sempre irei recordar. A canção virou poema e, ao som do piano, esqueci-me de quem lá estava, de quem nos via, de quem me ouvia, e fiquei contigo aqueles três minutos, inteiro, exclusivo. (A música eternizou-se, ainda hoje lá está!)

(...)

Passaram 101 meses... sim!, já passaram 101 meses! Corremos, parámos, falámos, dormimos e acordámos para (finalmente) nos permitirmos um beijo. E hoje podemos chamar-nos "família", completa, cheia, viva, crescente, porque há 101 meses arriscámos um beijo, e depois do beijo arriscámos conhecer-nos melhor, namorar, dividir, partilhar e casar.

Hoje, juntos, somos "alguém", porque o 'somebody' do eterno poema anunciou a mais íntima partilha da nossa vida...



(Parabéns... a Nós!)