domingo, 5 de janeiro de 2025

Longa despedida

Há muito tempo que quero voltar a escrever. Tenho o blog parado há anos, nem sei bem quantos, nem sei porque parei.

 

Quando escrevo paro, escuto-me, pergunto-me sobre os assuntos que a cada momento sinto com maior intensidade. Nem sempre tenho respostas - quase nunca aliás. Mas ainda assim sei que se só será possível encontrar respostas se as procurar…

 

 …

 

Hoje estou de volta ao hospital, num quarto diferente, desta vez de uma cama só. A mesma cadeira, o mesmo sofá (onde escrevo), enquanto a minha Mãe foi comer o que a cafeteria tinha disponível - hoje, domingo, o restaurante está fechado, mas mesmo que estivesse aberto não sei se a minha Mãe teria apetite ou paciência para esperar por um prato e saboreá-lo; nestes dias, infelizmente, só precisamos de nos alimentar, não pensamos em saborear a Vida.

 

Acabou de voltar ao quarto - parece que comeu uma sanduíche de salmão, seguindo a sugestão que tinha provado meia hora antes. Há sempre frases longas, descritivas, para enriquecer as paisagens gastronómicas, mesmo nestes dias. O salmão era fresco e bastante, o pão de sementes era crocante mas duro, dando assim mais valor à sanduíche que já era a última. 

 

(parei: chegou o Luís, o meu Padrinho, que num abraço curto e com poucas palavras no prepara para um abraço mais longo que não tarda…)

 

Olho de novo para a cama… parece vazia, tão pequeno é o homem que ali se esconde. Não fossem os gemidos e a respiração ruidosa que à força e com esforço ativa o diafragma, poderia fingir que apenas os lençóis ali estavam. O homem que quase sempre vi erguido, orgulhoso, por vezes até austero, mal se equilibra, deitado entre o sono e a sonolência, incomodado pela fraqueza que se tornou demasiado forte.

 

Porquê?, é a pergunta que mais ecoa em mim!… Porque é que tudo não acabou antes, num qualquer sonho generoso que nos leva enquanto sorrimos? Porque é que o meu Pai tem de passar por esta tormenta sem retorno, esta luta sem vencedor, este infinito passar do tempo que de tão lento parece que não passa…

 

Não consigo sonhar com melhoras, novos episódios de qualquer tipo. Só consigo imaginar mais horas e dias do mesmo sofrimento ofegante, contagioso, cansado e cansativo. Já não o consigo imaginar de novo em casa, sentado no sofá de há tantos anos, encrostado em cinco almofadas que, com o aquele corpo franzino, fazem o puzzle que diariamente montou. Mal tem forças para pegar no copo de água, espessada para não se engasgar, vai lá ter forças para viver numa casa em que a distância entre o sofá e a casa de banho gera um cansaço digno dos mais valentes atletas olímpicos…

 

Sinto que resta esperar, aguardar o telefonema ou, com sorte, a mão dada, sempre fria, que se despede primeiro da força e depois da da Vida. Só peço que a despedida seja serena, sem dor, e que não demore se nada mais houver para contar.

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Tempus fugit

Voltei ao blog - voltei à Caneta Digital! Dois anos e meio em silêncio, longe daqui... e às tantas longe de mim!

Não tenho tema específico, mas quis apenas escrever, voltar a escrever, documentar algumas novidades e procurar "reativar-me", para ver se não demoro dois anos a cá voltar. Vou, por isso, escrever sobre o "o João, o do meio e o outro", os meus três filhos que preenchem a casa e a Vida e que tanto nos ajudaram a manter a "normalidade" nesta pandemia tão extraordinária que tornou a nossa casa numa habitação realmente permanente!!

 

O João já não é uma criança - é um miúdo feliz e bem-disposto, cheio de humor, alto, magro e musculado, que acompanho nos treinos de Taekwondo duas vezes por semana. Começou a tocar guitarra há cerca de um mês e tem tocado todos os dias. Já sabe umas músicas que o Youtube lhe ensinou, mais viradas para o rock - Green Day, Scorpions, Metallica e outros congéneres! Embora tenhamos pena de ele ter deixado de tocar piano, para o qual tinha uma notável capacidade e sensibilidade, a verdade é que nunca tocou com tanto gosto como toca agora na guitarra - a minha Sigma, por sinal, que de minha já tem pouco ou nada!

O Henrique é também bem disposto, frequentemente feliz, embora mais introvertido do que era há uns anos - quem diria, hein?!? Adora ler os seus livros do Diário de um Banana ou similares, levando-os todos os dias para a mesa enquanto come, alheado do que se passa à volta (há vícios piores!...). Quer ir atrás dos amigos para todo o lado e por isso agora está a ter aulas de guitarra com o Francisco 'Nori' Noriega, às terças-feiras depois das aulas, na antiga Casa da Árvore. Amanhã vamos comprar-lhe uma guitarra Admira 3/4 em segunda-mão (via OLX) para ver se ele cumpre o prometido - que se tivesse uma guitarra mais adequada ao tamanho dele, "como a do Nori", que tocaria mais vezes por semana!... Veremos, mas não custa tentar!

O Pedro, o mais recente da ninhada, é um poço de felicidade e animação, cheio de brincadeiras que aprende na escola ou que - sem qualquer pudor - rouba aos irmãos mais velhos como se tivesse a idade deles. "Conheces o Joe? Qual Joe, Pedro? O Joe Mama!!!". E assim vai repetindo (ou papaguiando) as loucuras dos irmãos, rindo e contagiando-nos com a espontaneidade e irreverência que nele transbordam. Soma-se um volume quase infinito de mimo que nos exige mas que devolve em dobro,  embrulhado em beijos e abraços, e resulta uma família mais completa pela presença do "caganito". Adora identificar e desenhar letras, desenhar e pintar, ouvir histórias, brincar ao faz-de-conta, tomar banho, ajudar na cozinha, andar de bicicleta e claro, sempre que pode, ver televisão - algumas séries que pode ver com os irmãos ou os Power Rangers, os heróis dos últimos meses!


Todos dormem, incluindo a Ana que confundiu novamente o sofá com a cama, enquanto escrevo estas linhas na sala. Mas é quase uma da manhã... chegou a hora de me juntar a eles...

domingo, 30 de dezembro de 2018


(in)finito

Hoje, ao despedir-me da Praia do Baleal, soube que te tinhas despedido de uma parte de ti. Parei, gelado, por ti e pelo teu irmão, querendo abraçar-te em silêncio e chorar contigo as insuportáveis dores que todos estamos destinados a sentir.

Lembro-me bem quando soube que te arrancaram outro pedaço, sem dó nem piedade, sem misericórdia. Ontem foi certamente igual e igualmente injusto. Não posso - não quero! - imaginar não poder dizer adeus... pois a verdade é que não estando preparados fica sempre um adeus - um obrigado - por dizer! Mas nunca estamos preparados!... (senti-o com a partida da minha Avó, que tardei em visitar para lhe dizer quanto a queria comigo para sempre!...)

...

Deixo-te o que senti ao contemplar a praia imediatamente antes de regressar a casa - paz e serenidade perante o infinito oceano que de tão imenso nos confunde com mais um grão de areia. E nesse infinito, de tão grande, cabemos todos, os de hoje e os de sempre, os da matéria e os das memórias.

Grande abraço, irmão CNM

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Faz hoje 15 anos que concluí a licenciatura, com a apresentação e discussão do trabalho final de curso. Já trabalhava desde 1 de Agosto, tinha iniciado a pós-graduação em Transportes 10 dias antes, mas foi nesse dia que fechei o primeiro grande capítulo da minha vida... para logo de seguida escrever (contigo) muitos outros.

Não tínhamos casa, mas já estávamos a 'namorar' a zona que nos acolheu; não tínhamos nenhum dos três filhos que hoje tanto nos preenchem e completam, mas sabíamos que a primeira filha chamar-se-ia Mariana! Sabíamos que queríamos viajar e conhecer o Mundo. Sabíamos que já tínhamos Amigos para sempre, achámos que não íamos casar (era moderno só 'viver junto').

Hoje, depois de vivermos juntos há 14 anos, de estarmos casados há 12 anos, de sermos Pais há 11 anos, de termos mudado de casa, de termos mudado de empregos, cargos e funções, de termos trocado os Transportes pela Mobilidade, de termos conhecido algumas cidades do Mundo - juntos ou separados - estamos melhores!

Há 15 anos fotografei-te assim... igual a hoje... (caramba!... o tempo não passa mesmo por ti!).


Como serão os próximos 15, 30, 45...? ;-)

Nighty night! Sleep tight!

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Janafa rules

Escrevo pouco - muito menos do que devia -, mas há dias e dias, pessoas e pessoas. E tu Joana é uma das pessoas que merece, muito!

Janafa - há quase 22 anos entrei na faculdade para pouco depois te conhecer. Entre loucura, energia e determinação encontrei um miúda cheia de vida, rica em ideias, recheada de projectos e vontades, capaz de passar dos sonhos à acção e de construir momentos e memórias. Envolta em muita musicalidade, a nossa amizade foi ganhando forma e robustez, daquela que atravessa barreiras, dificuldades, anos e distância.

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Pouco depois estávamos a passar um fim-de-ano tunal, cheio de música, de boa disposição, alheios a qualquer dificuldade, só atentos à Felicidade e aos Amigos. Lembras-te? Sim, já fomos novos!!!




















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No dia em que fui viver com a Ana - 31 de Julho de 2004 - fomos juntos ver os The Swingle Singers (julgo que no Estoril ou em Cascais) - para depois abrir a porta da casa onde acabei por casar e ver nascer o meu primeiro filho. Lembras-te?

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Há 9 anos estava lá, na Xafarica, como sempre tento estar, partilhando contigo a minha vida e deixando-te entrar na minha. Estavas feliz, ao rubro! Não é sempre assim que te vejo - também és a Joana calma, sonhadora, criativa e disponível para quem te chama, mas nesse dia só querias festejar, com Família e Amigos.



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Sábado passado também estive contigo, com a Ana, rodeado de filhos e filhos, nós mais maduros, mais preenchidos mas com tanto para ver e fazer. Giro de ver - e mais importante - ainda a saber sorrir, de olhos virados para o Sol e para o Mar, com sempre gostaste!

Joana Afonso 39 e muitos

Hoje fazes 40 anos, mas para mim fazemos quase 22 anos de Amizade, de partilha, de acordes e melodias que ressoarão para sempre. Hoje é o teu dia, mas há um bocadinho que também é meu!!!

Mil beijos, Janafa - Parabéns! Que tenhas um dia à tua maneira!!

sábado, 5 de setembro de 2015

Grande moral

H: Mãe?, - mostrando a mais recente construção de LEGO - isto está óptimo ou está perfeito?!?

A auto-estima do rapaz não tem limites!

quarta-feira, 2 de setembro de 2015